Um dos maiores desafios dos professores na contemporaneidade é engajar os estudantes nos processos educacionais. A solução que vem sendo apresentada para resolver esse problema é colocar o aluno no centro desse processo. Esse posicionamento vem sendo chamado de aluno protagonista. Esse conceito já é proposto por filósofos da educação e educadores. Recentemente, no entanto, o conceito de aluno protagonista passou a ter centralidade nas teorias da educação como alternativa para aumentar a participação dos alunos nas aulas.

Com tantos estímulos proporcionados por um mundo cada vez mais conectado, é muito difícil fazer os alunos se interessarem por aulas em formatos convencionais. Como a internet proporciona um rápido acesso a todo tipo de informação, qual seria o interesse dos alunos em prestar atenção aos conteúdos ditados pelos professores?

Por esse motivo, mais do que nunca, a educação precisa reinventar-se e encontrar novas ferramentas de aprendizagem. É justamente aí que entra o conceito de aluno protagonista.

1. O que significa o conceito de aluno protagonista?

A tecnologia trouxe novos desafios para a educação. A popularização da internet e o fácil acesso à informação por parte dos alunos tornaram-se uma concorrência desleal para a forma tradicional de ensino. Essa situação já vem se desenhando há muitos anos, com o rádio, a televisão, os videogames, os computadores, e a internet, que evolui em alta velocidade.

Hoje, é comum ter acesso à internet na palma da mão. A popularização dos celulares e smartphones facilitou o acesso às informações na internet e gerou uma grande transformação na sociedade. A tecnologia mudou as relações do mundo. E com a educação não é diferente.

Para poder superar os desafios gerados pela transformação digital, é necessário mudar o papel dos estudantes em relação ao aprendizado. Se antes eles tinham um papel coadjuvante no processo de ensino, agora eles passam a assumir o papel principal na sala de aula.

O conceito de aluno protagonista significa que os estudantes têm um papel central e ativo no processo de aprendizagem. No lugar de ser aquele que simplesmente fica absorvendo os conteúdos, o aluno é estimulado a agregar às aulas ativamente, pesquisando informações, expondo ideias, debatendo e criando. Professores e alunos passam a ter uma relação de parceria e de troca.

Nesse processo, os estudantes devem ser aliados na construção do conhecimento. O próprio aluno é quem encontra a melhor forma para obter as informações. Esse processo de aprendizagem autônoma conta, sobretudo, com a ajuda da tecnologia. A escola assume o papel de motivar os alunos a perseguirem o conhecimento, fornecendo as ferramentas necessárias e sendo a base para a construção dos seus saberes junto aos professores.

O papel do profissional da educação passa a ser o de incentivador e orientador, cativando os alunos nessa busca pelo conhecimento. Nesse sentido, para descrever o papel do professor, tem-se utilizado o termo mediador no processo de ensino e aprendizagem.

A visão de aluno protagonista não é tão recente. Com toda a transformação tecnológica, colocar os estudantes para utilizarem sua criatividade e desenvolverem autonomia no processo educacional passou a ser primordial. Essa visão é fundamental para que a educação seja capaz de formar cidadãos do século XXI.

Para compreender um pouco melhor o que levou ao surgimento desse novo conceito, é importante olhar para a história da educação. A seguir, confira um resumo da trajetória histórica que levou ao desenvolvimento do conceito de aluno protagonista.

2. O que levou ao surgimento desse conceito?

O formato padrão de educação, que esteve vigente por muitos anos na maioria das escolas do mundo, teve suas origens na Idade Média. A função do ensino nesse período era adquirir conhecimentos sobre técnicas produtivas e também orientações para uma boa realização do trabalho.

A partir do surgimento da burguesia, a escola passou a ser um local de aquisição de conhecimentos mais abrangentes, filosóficos e reflexivos. Nesse período, os espaços de ensino eram ocupados, em grande maioria, por pessoas de famílias mais ricas.

Com a Revolução Industrial, surgiu a necessidade de um grande número de trabalhadores instruídos. Eles precisavam de instrução para que pudessem exercer determinadas tarefas produtivas e também para operar máquinas.

A necessidade de mão de obra mais qualificada ampliou o acesso às escolas, que deixaram novamente de ser espaços elitizados. Consequentemente, as portas do ensino abriram-se para os trabalhadores e seus filhos, que puderam aprender a ler, escrever, contar, fazer cálculos etc.

Depois da Revolução Industrial, o espaço escolar se firmou como o local de obtenção de conhecimento. Porém, o modelo que a escola seguia ainda era o mesmo modelo medieval. As influências desse ensino ainda estão presentes em diversas práticas da educação formal, até os dias atuais.

Nos últimos 30 anos, muitas transformações ocorreram no ambiente produtivo e também nas relações humanas. As escolas continuaram formatadas na mentalidade antiga, tentando suprir necessidades de uma sociedade que já não existe mais.

No século XXI, boa parte dos estudantes já nasceu inserida no meio digital. Isso significa que eles têm a capacidade de aprender por múltiplos canais de informação. Esses estudantes querem aprender e estudar utilizando a mesma tecnologia que usam para se comunicar com seus amigos e para se divertirem.

Essa geração aprendeu a interagir com o conhecimento desde muito cedo, pesquisando, criticando e construindo o conhecimento. Isso escancarou os problemas com o modelo convencional de ensino, que cada vez menos apresenta resultados para a educação e o desenvolvimento das pessoas.

As inovações tecnológicas, como a internet, estão o tempo todo atualizando a dinâmica de nossa vida, gerando mudanças e reconfigurações. O ensino deve acompanhar esse movimento, pois está totalmente ligado a ele.

A escola já não é mais vista como o único local em que se pode adquirir conhecimento. O professor também já não é visto como a única fonte de informação predominante. A biblioteca já não é mais o único centro de acesso à cultura e precisa reinventar-se para continuar tendo relevância.

Levando todo esse contexto em consideração, é possível afirmar que a formatação do ensino baseado na premissa de que o ensino formal só se concretiza por meio da escola está defasada. Essa formatação antiquada não é nem um pouco atrativa para o novo perfil de aluno. Muitas escolas já perceberam isso e estão se readequando para atuar como locais de produção e significação de conhecimento para o aluno.

Os alunos da atualidade já não esperam mais receber informações prontas dos professores. Eles têm acesso a um número gigantesco de informações na palma de suas mãos — literalmente.

Apesar da facilidade de acesso, muitas vezes, os estudantes não sabem o que fazer com essa quantidade imensa de informações. E é justamente aí que entra o novo papel das escolas e dos professores: fornecer orientações sobre como usar e organizar as informações disponíveis na rede para atingir objetivos específicos

3. Como a escola pode implementar ações que fomentem esse conceito?

Implementar ações que fomentem o conceito de aluno protagonista pode ser algo desafiador. Esse processo envolve uma grande mudança na mentalidade dos profissionais da educação. Por outro lado, uma vez que se compreenda essa nova forma de ensinar, as atividades de educação serão mais eficazes e de grande relevância na construção de uma mentalidade voltada para a cidadania.

A ideia do aluno protagonista permeia todo texto da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), apresentando competências gerais e específicas que vão desde a Educação Infantil até o Ensino Médio.

Além disso, a BNCC propõe que a construção dos processos educativos seja voltada para o desenvolvimento dos alunos capazes de lidar com os problemas da sociedade contemporânea. A proposta da BNCC é que a aplicação do conhecimento seja dirigida para a vida real e para a construção do projeto de vida dos alunos.

No processo de colocar o aluno como protagonista, um dos pontos fundamentais é a transformação da relação entre professores, gestores e alunos. Professores e gestores devem ter um papel de parceiros do estudante. Sua ação precisa ser no sentido de mediar a participação dos alunos no processo de ensino.

O protagonismo é um potencial que crianças e jovens têm. Mas esse potencial não surge necessariamente de forma espontânea. Por esse motivo, é importante que a escola desenvolva atividades estruturadas que estimulem a participação dos jovens. Essas atividades devem ter o objetivo de gerar experiências de aprendizagem que fomentem o protagonismo de maneira intencional e estruturada.

Para conseguir incentivar os alunos a assumirem o papel de protagonistas, há uma série de boas ações que as escolas podem adotar.

4. Quais são as boas ações para implementar essa visão?

Parte do desafio das escolas está em motivar os alunos a participarem das aulas. Assim como os adultos, crianças e jovens passam muito tempo utilizando a internet para acessar redes sociais. Aliar a tecnologia com o ensino é um ponto-chave para aumentar a motivação dos alunos. A seguir, são listadas boas práticas que escolas e profissionais de educação devem adotar para implementar a visão de aluno protagonista.

4.1 Ouça os alunos

Ouvir o que os alunos têm a dizer é fundamental para colocá-los como protagonistas do processo educativo. No formato de ensino que vem da Idade Média, o professor era a pessoa detentora de respostas prontas para as dúvidas dos alunos. O processo educacional era todo centralizado em torno do professor e não proporcionava nenhum tipo de atitude autônoma por parte dos alunos.

Na nova abordagem, o professor pode tirar as dúvidas e até mesmo avaliar se a resposta está certa — esse não é o problema. O que não deve acontecer é os professores darem respostas arbitrárias e imediatas, sem permitir que os próprios alunos busquem compreender seus erros, sem valorizar os seus acertos.

Essa atitude estimula que os alunos tentem decorar as informações e não buscar entender as respostas e as formas de se chegar até elas. Considerar o aluno como protagonista no processo educativo implica ouvir o que ele tem a dizer. O professor deve mediar as conversas e buscar fazer com que os alunos compreendam e julguem os fatos.

4.2 Instigue o debate

Foi-se o tempo em que era proibido dar opiniões sobre os mais diversos assuntos. As pessoas do século XXI podem discutir, pesquisar e falar sobre suas opiniões. A sala de aula deve ser um local que estimula o diálogo e a troca de ideias entre os alunos. Isso contribui muito para a formação cidadão.

Essa troca de ideias entre os alunos deve ser estimulada pelos professores utilizando fóruns e debates. Muitas vezes, os alunos terão que aprender a lidar com algumas situações em que não há uma resposta certa, apenas a diferença de visões e opiniões.

Com isso, os alunos aprenderão a defender seus pontos de vista e também a respeitar e compreender visões diferentes das suas. A participação dos estudantes nessas discussões permite que eles aprendam a se posicionar e argumentar.

4.3 Dê liberdade aos alunos

Outro ponto fundamental para o aluno protagonista é ter liberdade para experimentar. Como nessa nova abordagem não existem respostas prontas, os alunos precisam fazer pesquisas, criar hipóteses, testá-las com experiências, fazer questionamentos, buscar relatos e avaliar os resultados que foram encontrados.

Essa experimentação deve ocorrer em todas as áreas de conhecimento, não apenas nas aulas de Ciências. Disciplinas como História, Matemática e até mesmo idiomas também devem, sempre que possível, valer-se da experimentação. O protagonismo do aluno está em ele mesmo tentar encontrar os meios para chegar às respostas.

4.4 Possibilite tomadas de decisões

A tomada de decisões é outro ponto-chave dentro do protagonismo dos alunos. Os professores precisam permitir que os alunos tomem decisões nas salas de aula. Isso pode ser incentivado por meio do estímulo da criação de projetos autorais, da participação em votações e, até mesmo, de assumir um papel ativo no planejamento das aulas.

Dessa forma os alunos terão a percepção de que eles são os personagens principais deste processo. Os professores devem estimular que os estudantes encontrem seus próprios caminhos por meio de pesquisas, experimentações e erros.

4.5 Utilize abordagens além das aulas expositivas

Aulas expositivas até podem ocorrer, mas devem deixar de ser o centro da educação. Uma das técnicas que pode ser utilizada para criar novas dinâmicas de sala de aula é a gamificação. Ela consiste em adaptar o contexto de jogos para outros contextos, no caso, para a educação.

A dinâmica de gamificação tem o objetivo de deixar o aprendizado mais fluído, interessante e divertido. Essa proposta visa a que o aprendizado ocorra com o estímulo para que os alunos encontrem formas para resolução de problemas.

5. Quais são os benefícios de dar protagonismo aos alunos?

O objetivo de dar protagonismo aos alunos é permitir o seu desenvolvimento amplo. O aluno protagonista deve ter uma participação ativa no processo de aprendizagem. Todas as teorias, fórmulas e os conceitos utilizados nos processos educacionais continuam importantes. A diferença é que o foco deixa de ser unicamente neles.

As escolas passam a abrir espaços para o desenvolvimento de competências socioemocionais. Esse desenvolvimento será de grande diferença na vida dos alunos. Por esse motivo, atividades que permitam o desenvolvimento das habilidades emocionais passam a ter destaque na educação. O programa MyLife oferece uma solução completa para escolas nesse sentido.

Para chegar ao objetivo de proporcionar o desenvolvimento integral dos alunos, os professores precisam reavaliar as estratégias convencionais de ensino. Novos métodos e novas abordagens devem ser valorizados.

Adotar um modelo educativo que valoriza o aluno como protagonista vai reforçar o compromisso das instituições de ensino com a formação integral dos estudantes. Essa visão também aumenta o engajamento dos estudantes com as aulas. Os estudantes passam a ter mais autonomia, sendo capazes de tomar as próprias decisões e sendo responsáveis por elas.

Além disso, esse novo modelo de ensino contribui para que os jovens criem um projeto de vida e se tornem mais preparados para o futuro. A escola passa a ter um papel fundamental na criação de adultos que tenham uma participação ativa na esfera política, social, econômica e cultural.

5.1 Eficiência no processo de aprendizado

O aluno protagonista tem retenção de aprendizado em relação ao aluno coadjuvante. Isso porque as atividades relacionadas ao protagonismo proporcionam um aprendizado maior do que as práticas relacionadas à aprendizagem passiva. Ou seja, os alunos aprendem mais debatendo, praticando, interpretando e se expressando do que apenas lendo, escutando e vendo.

5.2 Autonomia

Na escola, o aluno protagonista participa de atividades que estimulam a sua autonomia. As atividades do ensino, como a preparação para debates, por exemplo, estimulam o seu processo de tomada de decisões. Os estudantes desenvolvem a capacidade de antecipar e resolver problemas, assim como antever possíveis confrontos com os colegas que têm um pensamento divergente.

Pessoas acostumadas a fazer apenas o que foi mandado podem ter dificuldade em ter autonomia no ambiente profissional. Ao serem protagonistas desde o período educacional, os alunos são estimulados desde cedo a serem pessoas autônomas. Independentemente da carreira profissional que optarem, essa autonomia é fundamental para terem uma participação ativa e transformadora no mundo.

5.3 Criatividade

A criatividade é fundamental para a resolução de problemas da sociedade, e também das empresas, no mercado de trabalho. Pessoas mais criativas têm mais capacidade de pensar de forma autônoma e obter soluções inovadoras para problemas. Encontrar soluções criativas para adversidades, às vezes, é chamado de “pensar fora da caixa”.

No ensino que estimula o protagonismo dos alunos, a criatividade ocupa posição central. Para ser um aluno protagonista, é necessário utilizar muita criatividade. As dinâmicas que trabalham o protagonismo demandam o desenvolvimento de soluções para problemas que não têm uma resposta preestabelecida. Aliás, em muitas dinâmicas, não há somente uma solução, mas, sim, várias.

5.5 Habilidade para trabalhar em equipe

A aprendizagem baseada em equipe faz parte da rotina do aluno protagonista. Muitas das atividades que são realizadas para desenvolver o protagonismo dos alunos envolvem trabalhar em times. Dentro de cada time, os potenciais individuais se somam, complementando uns aos outros no sentido de encontrar a melhor solução para o problema em questão. Essas atividades desenvolvem habilidades sociais nos estudantes.

Esse processo educativo é uma recriação de processos que ocorrem na vida. Muitas empresas funcionam com dinâmicas semelhantes, dividindo os trabalhadores em equipes para buscar soluções. As habilidades sociais das pessoas são fundamentais para o sucesso das tarefas. Esse processo educacional também contribui para desenvolver a capacidade de liderança nos jovens.

5.6 Pensamento Crítico

O pensamento crítico também é fundamental para o desenvolvimento de cidadãos mais conscientes. O aluno protagonista aprende a ter pensamento crítico sobre os processos. Em determinadas atividades, ele vai avaliar as soluções propostas pelos colegas, apontando falhas e propondo alternativas. Pensar criticamente também é fundamental para a utilização de recursos digitais.

Os jovens aprendem a ter um pensamento mais complexo e crítico. Passam a analisar o contexto das situações antes de tomar decisões. Observam e compreendem melhor os agentes que influenciam uma ação. O desenvolvimento dessas características serve de preparação para enfrentar os desafios contemporâneos. O pensamento crítico permite que o trabalhador tome as decisões mais embasadas e corretas.

6. Educando para o futuro

Por muitos anos, estudiosos da educação buscaram desenvolver novas metodologias que pudessem fortalecer o desenvolvimento da cidadania. O aluno protagonista é chave nesse fortalecimento. A imersão em uma sociedade tecnológica fez com que o ensino do passado se tornasse, de uma vez por todas, obsoleto e impraticável.

As novas tecnologias abrem as portas para uma nova abordagem na educação. A Conexia Educação é referência em soluções educacionais no Brasil. Com suas marcas, atende a escolas com os mais variados perfis, ajudando as instituições a implementarem soluções inovadoras, sem ter medo de usar a tecnologia na sala de aula. Conheça as principais marcas da Conexia!

  • Plataforma AZ: oferece uma solução educacional completa para escolas da Educação Infantil ao Ensino Médio.
  • My Life: é um programa de educação socioemocional da Conexia e tem como objetivo ajudar as escolas a proporcionarem uma vida saudável para adolescentes do Ensino Fundamental – anos finais e Ensino Médio.
  • HighFive: programa bilíngue da Conexia Educação que utiliza o idioma como instrumento de aprendizado, de forma natural e imersiva, pois falar um segundo idioma também é fundamental para o aluno protagonista

Desenvolver uma abordagem que coloca o aluno no centro do processo educacional é fundamental para as escolas do século XXI. O papel do professor precisa mudar, mas continua sendo muito importante, pois é ele quem vai colaborar para que os estudantes compreendam como utilizar as tecnologias para encontrar informações de qualidade e trazer respostas para os seus anseios.

Ser um aluno protagonista é ter autonomia nas decisões, consciência social e global, inteligência socioemocional e estar preparado para o futuro. Se você quer continuar bem informado sobre as mudanças na educação, assine nossa newsletter e receba informações para manter sua escola sempre atualizada.

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