É comum que o ensino tradicional já não consiga suprir uma demanda de conhecimento para além da sala de aula. Surge uma necessidade cada vez mais urgente de novas maneiras de preparar os alunos para as habilidades exigidas na vida real. Nesse contexto, a aprendizagem baseada em projetos tem ganhado adesão dos educadores.
Em vez de promover a memorização do aluno a curto prazo e a repetição de informações, a aprendizagem baseada em projetos está entre as metodologias que oferecem ao estudante a possibilidade de se engajar de forma profunda nos conteúdos trabalhados em sala de aula, estimulando a curiosidade científica, o protagonismo e a resolução de problemas.
Tem interesse no assunto? Reunimos neste post tudo que você precisa saber sobre a aprendizagem baseada em projetos. Aproveite e tire suas dúvidas logo abaixo!
O que é a aprendizagem baseada em projetos?
A aprendizagem baseada em projetos é uma metodologia de ensino feita para dar aos estudantes a oportunidade de desenvolver conhecimentos a partir de “projetos” ou desafios que exigem habilidades úteis na vida real.
Essa é uma metodologia que também é conhecida pela sigla PBL, que significa em inglês Project-based Instruction.
Em atividades que trabalham com o PBL, o estudante é instigado a investigar e buscar soluções para problemas, o que demanda concentração e, por vezes, habilidades relacionadas ao trabalho em grupo, como diálogo, liderança e responsabilidade.
Como funciona?
A aprendizagem baseada em projetos, como toda metodologia de ensino escolar, exige muito planejamento e preparação. Como o objetivo é estimular a investigação, o projeto nasce como uma jornada de conhecimento que permite ao aluno buscar respostas para desafios propostos pelos professores.
A organização de um projeto como esse exige que o professor tenha em mente a finalidade do projeto e quais são os conteúdos que serão trabalhados. A finalidade do projeto, ou a questão norteadora, geralmente é um problema palpável para a realidade do aluno.
Além disso, apesar de centrado em uma matéria, o projeto costuma ser interdisciplinar, ou seja, envolver noções de mais de uma área do conhecimento. Dessa forma, as soluções também passam por exigir que os alunos articulem diferentes áreas.
É importante ter em mente que o projeto não precisa estar totalmente restrito ao conteúdo programático da grade curricular, uma vez que as habilidades desenvolvidas nas atividades nem sempre estão diretamente relacionadas às matérias escolares.
Os professores estão sempre monitorando o desenvolvimento do projeto e orientando os alunos na busca pelas respostas. Geralmente são considerados já na fase de planejamento os possíveis meios pelos quais os alunos podem encontrar o que precisam.
A aprendizagem baseada em projetos pode ser desenvolvida tanto na educação presencial quanto a educação remota. Além disso, é uma metodologia útil em todas as etapas da educação básica, do Educação Infantil ao Ensino Médio.
Quais são os benefícios?
Podemos enumerar as razões que fazem da aprendizagem baseada em projetos uma ruptura positiva com metodologias que já estão saturadas do ensino tradicional. Confira e veja como essa nova metodologia contribui para a transformação na educação.
Protagonismo do aluno
Sabemos que os alunos têm diferentes ritmos de aprendizagem, afinal, eles constroem os conhecimentos a partir de uma variedade de experiências e bagagens culturais. Por outro lado, só é possível ter alguma dimensão dessa diversidade na escola quando os professores trabalham com metodologias ativas que estimulam o protagonismo.
O ensino que estimula o aluno protagonista desenvolve a autonomia, fazendo com que ele caminhe com suas próprias pernas, além de tornar as aulas mais dinâmicas, menos engessadas. A ideia é que o aluno seja parte do processo, abrace a dúvida e as incertezas, compartilhe suas experiências com colegas e busque soluções para os problemas.
Aprendizagem a longo prazo
Quando as crianças e os jovens estão interessados no que estão fazendo, eles alcançam um novo nível de aprendizagem e são capazes de usar seus novos conhecimentos em diferentes áreas, de várias maneiras.
Isso, sem dúvidas, é um processo natural, que acontece tanto no convívio familiar quanto escolar. No entanto, é tarefa da escola estimular a conexão entre diferentes áreas do conhecimento, demonstrando que a jornada de aprendizagem é um processo contínuo para a vida e que vai além dos limites da grade curricular.
Desenvolvimento de competências socioemocionais
Na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), as competências socioemocionais estão presentes nas 10 competências gerais desenvolvidas na educação básica. Isso significa que todas as escolas devem contemplar as competências na grade curricular. Diante dessa demanda, a aprendizagem baseada em projetos se torna um aliado importante.
Podemos entender as competências socioemocionais como habilidades relacionadas à inteligência emocional, como autogestão, abertura ao novo e engajamento com os outros. A aprendizagem baseada em projetos tem o benefício de promover essas habilidades, com trabalhos em grupo, oportunidades de planejar e encontrar soluções.
Relacionamento com os professores
O relacionamento criado durante as atividades colaborativas é um dos pontos altos da aprendizagem baseada em projetos. Os estudantes não aprendem apenas a trabalhar em grupo, estimulando a capacidade de pensar, escutar e resolver conflitos, mas eles também estão desenvolvendo um relacionamento positivo com os professores.
O professor assume uma função diferente da tradicional na aprendizagem baseada em projetos, como veremos mais à frente neste conteúdo. A princípio, vale a pena destacar que o professor deixa de ser a figura que controla totalmente os rumos da aprendizagem e passa a colaborar com a jornada de conhecimento dos alunos, o que é ótimo!
Adaptação com a tecnologia
Os estudantes são encorajados a serem pessoas mais independentes e engajadas com a aprendizagem baseada em projetos, e a tecnologia pode contribuir como parte integrante desse propósito no ambiente escolar.
Falando em tecnologia na Educação Infantil, a Plataforma AZ se destaca nesse requisito por ser uma solução capaz de promover a aprendizagem baseada em projetos de forma digital.
O AZ é uma solução da marca Conexia e garante aos pequenos acesso a atividades que estimulam a criatividade, a descoberta, as habilidades socioemocionais e o letramento por meios digitais com a gamificação.
É, portanto, um excelente exemplo de como a aprendizagem baseada em dados pode ser trabalhado pelas escolas com a ajuda da tecnologia.
Quais são os desafios da aprendizagem baseada em projetos?
Entenda algumas dificuldades que podem surgir na implementação da aprendizagem baseada em projetos na escola.
Papel do professor
Na aprendizagem baseada em projeto, o professor passa por uma renovação de como funciona seu papel no aprendizado, valorizando o ensino que coloca a aprendizagem como algo a ser construído na interação com o aluno.
Nesse novo formato, podemos dizer que o papel do professor passa a ser o de um mediador do processo de aprendizagem, o guia que acompanhará os alunos do início ao fim dos projetos. Logo, o professor abre espaço para que os alunos pesquisem, façam descobertas, surpreendam-se e respeitem seus ritmos de aprendizagem.
Adaptação
A incorporação da aprendizagem baseada em projetos representa uma mudança nas metodologias aplicadas em muitas escolas.
Isso porque o ensino passa a demandar menos instrução e mais capacidade de orientação, mais abertura para um aprendizado construído pelo aluno e menos a ideia de aprendizado unidirecional, formas mais flexíveis e personalizadas de avaliar o rendimento escolar e menos avaliações engessadas.
Para muitos educadores, a aprendizagem baseada em projetos pode significar um contraste significativo com o modo de atuar no ensino tradicional, o que demanda um processo de adaptação.
Mudanças podem levar tempo para uma adaptação completa. No entanto, quando consideramos as tecnologias disponíveis para auxiliar na aprendizagem baseada em projetos e os resultados positivos que essa mudança pode gerar, os desafios se tornam mais simples de serem superados.
Participação da comunidade escolar
A aprendizagem baseada em projetos é uma metodologia que leva a busca pelo conhecimento para além da sala de aula, permitindo que os alunos possam contar, inclusive, com a ajuda dos familiares para a resolução da questão norteadora.
Isso pode ser usado a favor dos professores da escola, incentivando a participação dos pais e familiares na vida educacional dos alunos.
O engajamento nas atividades é um fator muito importante para a repercussão positiva da escola diante dos familiares dos alunos, afinal, todos querem que as crianças e os jovens fiquem empolgados em participar das atividades.
Confira no próximo tópico mais sobre a implementação da aprendizagem baseada em projetos nas escolas!
Como usar a aprendizagem baseada em projetos?
Em suma, existem alguns pontos que precisam ser considerados pelos professores na aprendizagem baseada em projetos: questão norteadora, plano do projeto, calendário, monitoramento, avaliação, produto do projeto, apresentação dos resultados e documentação do projeto.
Pode ser acrescida ou subtraída uma ou outra etapa dependendo do projeto. Porém, esse conjunto pode ser usado como base para quem ainda não tem familiaridade com a metodologia.
A seguir, vamos explicar como funciona cada uma das 6 etapas.
Defina a questão norteadora
É fundamental que a aprendizagem baseada em projetos comece com uma questão norteadora para os alunos. Essa é uma pergunta elaborada e construída coletivamente, entre o professor e a turma, para que seja respondida somente na etapa final do projeto. A resposta à questão norteadora será o resultado que se deseja obter do processo.
A pergunta deve ser ampla o suficiente para permitir que o aluno vá em busca de diferente caminho, tome decisões ao longo das etapas, colabore com sua equipe, caso o projeto seja em grupo, e desenvolva sua criticidade.
Vamos a um exemplo para ficar mais claro como funciona a questão norteadora. Digamos que um professor deseja realizar um projeto baseado em exercícios físicos.
Se a questão norteadora fosse algo como “O que são os exercícios físicos?” ou “Quais são os benefícios dos exercícios físicos?”, os alunos conseguiriam respondê-la na primeira atividade.
Como dissemos no início, é importante que a pergunta norteadora traga um desafio ou problema que estimule a curiosidade. Ainda no exemplo acima, a pergunta poderia ser “O que pode ser feito para ajudar mais pessoas a realizar exercícios físicos com regularidade?”.
Nesse caso, uma gama de possibilidades se abre. Diante dessa pergunta, os alunos chegariam a soluções diferentes sobre o mesmo problema.
Então, na hora de formular a questão norteadora, pense em temas que tocam a vida dos alunos e das pessoas ao redor, que aparecem na mídia e na sala de aula. Isso vai permitir que eles se engajem quase que imediatamente ao projeto.
Elabore o plano para o projeto
Para engajar o aluno no projeto, é fundamental fazer com que ele se envolva em etapas de produção até chegar à resposta final para a questão norteadora. Em outras palavras, é preciso elaborar um plano com atividades sequenciais para conduzir os alunos nas pesquisas e discussões do projeto.
Selecione atividades que contribuem para o desenvolvimento das matérias envolvidas no projeto e, ao mesmo tempo, conduzam o aluno para as respostas da questão norteadora.
Faça os alunos pensarem das questões simples até as mais desafiadoras. Essa gradação vai permitir que eles usem o conhecimento adquirido na atividade 1 na composição da atividade 2, e assim por diante.
No exemplo em que a questão norteadora é “O que pode ser feito para ajudar mais pessoas a realizarem exercícios físicos com regularidade?”, o professor poderia propor a seguinte sequência de atividades:
- atividade 1: os grupos de uma turma realizam uma pesquisa sobre o que são os exercícios físicos e montam um material visual com exemplos;
- atividade 2: sabendo o que são os exercícios físicos, os alunos podem pesquisar diferentes aspectos de um tipo de exercício, como público-alvo, benefícios, movimentos do corpo etc.;
- atividade 3: os alunos podem pesquisar quem são os órgãos responsáveis por estimular a realização de exercícios físicos na sociedade e buscar exemplos de como isso é feito hoje em dia;
- atividade 4: os alunos criam e apresentam para o restante da turma um material visual sobre a realização de exercícios físicos, os responsáveis por um projeto como esse, exemplos e o público que seria atingido.
O exemplo acima poderia ser aplicado em turmas do 6° ao 9 ano do Fundamental.
O número de atividades varia de acordo com o tempo disponível para a realização do projeto. Já os temas de cada atividade dependem do grau de instrução da turma e, é claro, da criatividade dos professores.
Crie um calendário
A duração do projeto é algo que pode variar bastante. Geralmente, os alunos mais novos tendem a responder melhor projetos de curto prazo, em poucas aulas. Já os alunos dos Anos Finais do Ensino Fundamental e do Ensino Médio podem desenvolver projetos de médio prazo com facilidade.
É importante saber que projetos longos podem prejudicar o aprendizado. Os alunos, nesse caso, podem perder o interesse no tema ou não entender como os conhecimentos das atividades estão conectados.
Portanto, para deixar tudo organizado, o ideal é criar um calendário de forma colaborativa, junto da turma. Isso vai ajudar a organizar as semanas que os alunos terão para se dedicar ao projeto, durante as aulas e no formato de lições de casa.
Aqui estão algumas perguntas que podem ajudar na criação do calendário:
- quantas semanas vão levar para a finalização do projeto?
- Quando os alunos precisam estar com os projetos prontos?
- Os alunos terão quanto tempo para terminar cada atividade?
Lembre-se que as datas podem passar por mudanças. É normal que imprevistos aconteçam durante o processo, então, nada mais justo que ter um pouco de flexibilidade. Por outro lado, é importante manter o monitoramento para ajudar os alunos a planejarem e encontraram o que precisam, de modo que as datas não se distanciem muito do calendário.
Monitore os estudantes e o desenvolvimento do projeto
Monitorar de perto os alunos é algo importante do início ao fim do calendário. Isso vai manter o controle dos prazos e ajudar cada aluno a cumprir sua responsabilidade. Você, enquanto professor ou professora, pode fazer várias coisas para acompanhar o desenvolvimento dos projetos.
Por exemplo, passe orientações de como os alunos podem trabalhar de forma colaborativa, contribua na divisão das responsabilidades do trabalho em grupo, mostrando como todas as partes pertencem ao mesmo processo, e providencie instruções de como fazer pesquisas e usar as informações em cada atividade.
Avalie os resultados
Na avaliação de um projeto escolar que utiliza a metodologia PBL, é comum encontrar o termo rubrica para definir o conjunto de normas para avaliar o engajamento, a resposta para a questão norteadora e a participação dos alunos no projeto.
É importante que cada projeto tenha uma rubrica e que ela seja construída de acordo com os rumos de cada resposta. As normas também podem estar relacionadas aos conteúdos das matérias adjacentes ao projeto ou às expectativas sobre as competências dos alunos desenvolvidas no projeto.
Vale a pena envolver o aluno na elaboração dessas normas, de modo que ele também possa criar as rubricas junto da turma e, assim, auxiliar na avaliação dos seus colegas.
Defina o produto do projeto
Qual será o produto final criado pelos alunos para responder a questão norteadora? Um documento escrito? Uma apresentação de slides? Um post em uma rede social? Uma combinação de vários materiais?
É importante que o produto esteja relacionado ao problema levantado pela questão norteadora. Portanto, ele deve ser decidido de forma colaborativa na fase de planejamento do projeto.
O produto final será o alicerce que poderá guiar o planejamento de cada etapa do projeto. Utilizando como exemplo a questão norteadora sobre o projeto de exercícios físicos, percebemos que ela dá margem para vários tipos de produtos finais, como uma cartilha para a população local, um site ou até um vídeo de apresentação.
Em todos os casos, a decisão sobre qual será o produto do projeto deve ser aberta, de modo que isso estimule a criatividade dos alunos. Também é importante que exista algumas condições sobre como deve ser feito o produto. Assim, os alunos podem criar uma série de peças com um padrão de criação por trás.
Avalie a experiência com o projeto
Um espaço no calendário deve estar aberto para uma breve reflexão coletiva e individual sobre como foi a experiência de cada um durante o projeto. A reflexão é uma parte poderosa do autoconhecimento e, com isso, os alunos poderão sintetizar os principais aprendizados que foram desenvolvidos ao longo de uma série de atividades.
Os professores também podem aproveitar esse momento de autoavaliação para pensar o que deu certo e o que pode ser feito de outra forma nos próximos projetos. Vale a pena permitir que a avaliação da experiência seja feita de forma individual e coletiva.
Em um primeiro momento, os alunos podem responder a uma ficha com questões simples sobre o que eles mais aprenderam durante o projeto, o que mais gostaram e o que não gostaram.
Em seguida, a avaliação pode ser feita junto do restante da turma para permitir que os alunos compartilhem suas experiências, discutam o que funcionou bem, o que precisam mudar e, quem sabe, criem ideias para novos projetos no futuro.
É importante que os professores ofereçam feedbacks construtivos nos dois momentos, abordando pontos fortes e o que ainda precisa ser desenvolvido daqui para frente.
Faça a documentação do projeto
O ideal é sempre guardar os dados ao final de cada projeto. Eles podem ajudar na formulação dos próximos projetos.
Não tem muito segredo para fazer essa documentação. Você pode organizar os dados dos projetos em uma planilha ou pasta, adicionando informações como os temas trabalhados, a turma, as atividades realizadas, a duração de cada atividade, o tempo total para o desenvolvimento do projeto, as principais dificuldades que surgiram e os pontos positivos.
Fazendo isso, a sua abordagem com a metodologia estará em melhoria contínua. Você vai perceber que problemas vão se repetir no desenrolar dos projetos e, com os dados guardados, poderá economizar tempo na busca por soluções.
Chegamos ao final do conteúdo e esperamos que você tenha compreendido como funciona a aprendizagem baseada em projetos. Como vimos, esse é um poderoso método de ensino que pode ajudar os alunos desde a Educação Infantil ao Ensino Médio a desenvolverem a colaboração, criatividade e outras competências para um futuro de sucesso.
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