Foi-se o tempo em que a disciplina de inglês era suficiente somente na grade curricular das escolas. Alguns alunos ainda buscavam escolas de idiomas ou estudavam em casa e seguiam adiante com uma bagagem mais avançada. Mas diante de um novo movimento da sociedade e exigências no mercado, que mostra-se cada dia mais acelerado na educação, o bilinguismo deixou de ser tendência e passou a ser necessidade. E com isso surge o questionamento: qual o momento ideal para começar a estudar inglês?
A inserção de um novo idioma se torna mais fácil quando iniciado na infância. As crianças têm mais facilidade em aprender outras línguas, já que a plasticidade de seus cérebros permite que os dois hemisférios sejam usados no mesmo momento. Com isso, o aprendizado da gramática, expressões e as pronúncias corretas das palavras são absorvidos rapidamente e com poucas chances de serem esquecidas, desde que ativadas e incentivadas com frequência.
Nos adultos esse processo é diferente, pois somente um hemisfério é ativado. Isso reflete em um aprendizado que pode ser mais lento, caso não haja dedicação ou situações do dia a dia que incentivem o uso de outra língua. E nesse movimento, a busca por vagas em escolas de idiomas para capacitação, preparação para viagens e, principalmente, para o mercado de trabalho aumenta. No Brasil, o segmento reúne mais de seis mil escolas de idiomas movimentando sete bilhões de reais anualmente, um reflexo da busca dos pais por um ensino melhor, já que a grade das escolas de ensino público e particular não atende as necessidades atuais do mercado.
Entretanto, mesmo com o grande número de escolas de idiomas, o nível de ensino no Brasil ainda apresenta resultados insatisfatórios, quando comparado com outras partes do mundo. De acordo com pesquisas realizadas no ano passado pela instituição global Education First (EF), que avalia o Índice de Proficiência em Inglês dos países e territórios pesquisados, mostrou que o Brasil manteve um nível baixo em índice internacional de proficiência na língua inglesa. A pesquisa, que avalia cinco faixas de proficiência (Muito baixa, Baixa, Moderada, Alta, Muito Alta), mostrou que o Brasil atingiu 51,92 pontos no índice, bem abaixo dos 71,45 pontos da líder Holanda. Quando buscamos o índice por estado, Santa Catarina pontua com 52,60, considerado Moderada na faixa de proficiência, e mostrando que ainda é preciso investir no ensino de outros idiomas.
Embora haja um grande esforço e investimento por parte dos pais, apenas 1 a cada 10 jovens entre 18 e 24 anos tem proficiência no inglês. Para a próxima geração, caso nada mude no processo de ensino e aprendizagem, espera-se que apenas 12% dos jovens dessa idade sejam fluentes na língua. Isso quer dizer que, a cada 10 jovens brasileiros, apenas um pode sonhar com a busca por uma vaga de trabalho no mercado, na qual o inglês seja um pré-requisito.
A mudança desse cenário, contudo, já pode ser acessada pela população com o crescimento das escolas bilíngues, que têm como objetivo proporcionar mais tempo de interação com a língua inglesa, ou seja, com aulas em inglês, e não, aulas de inglês. A diferença está na contextualização das matérias como Matemática, Português, Geografia, entre outras já no outro idioma, o que potencializa o aluno a ter um aprendizado mais ágil, completo e com uma preparação mais adequada para o futuro.
Para que esse número melhore, precisamos unir cinco personagens no processo de ensino e aprendizagem; nesse grupo os pais são de grande importância: aluno, professor, pais, gestor pedagógico e mantenedor. Essas pessoas têm um papel fundamental a desempenhar no dia a dia, e juntos, contribuir para o aprendizado do aluno. Tudo isso por meio de projetos digitais, materiais impressos, aulas práticas, ou seja, tudo aquilo que chame a atenção da criança. Desta forma, além da criança aprender, a família também estuda, o que gera aprendizado para todos.
 

*Luciano Galdino Brito Dias é diretor de Soluções Educacionais da Conexia – Grupo SEB.